A Cetamina Classificada Como Anestésico Dissociativo É Usada
A Cetamina Classificada Como Anestésico Dissociativo É Usada Na Fo
A cetamina, classificada como um anestésico dissociativo, é utilizada na forma de pó ou líquido como anestésico. Pode ser administrada por injeção, consumida em bebidas, inaladas (bufada) ou adicionada a cigarros ou juntas. A comercialização de cetamina é regulamentada na maioria dos países devido ao seu potencial de abuso e efeitos psicoativos, embora também tenha aplicações legítimas na medicina, especialmente em anestesia e em tratamentos de depressão resistente.
Nos contextos médicos, a cetamina funciona como um anestésico dissociativo, produzindo uma sensação de desligamento entre o corpo e a mente, o que permite procedimentos cirúrgicos e diagnósticos sem causar perda de consciência total. Sua ação envolve o bloqueio dos receptores NMDA no sistema nervoso central, levando a efeitos analgésicos, sedativos e dissociativos (Katzung & Trevor, 2012). Além disso, a cetamina tem mostrado potencial na terapia de depressão resistente, com estudos evidenciando melhorias rápidas nos sintomas após administração controlada (Zarate et al., 2006).
Entretanto, o uso recreativo ou não supervisionado de cetamina é considerado perigoso, podendo levar a efeitos colaterais graves, como alterações perceptivas, problemas cognitivos, dependência e complicações urinárias (Reynolds et al., 2018). Sua venda e aquisição fora do ambiente médico é ilegal na maioria dos países, e o uso de fontes não autorizadas pode expor os consumidores a substâncias de baixa qualidade ou adulteradas, além de riscos legais (United Nations Office on Drugs and Crime, 2020).
As aplicações legítimas da cetamina no âmbito clínico incluem procedimentos cirúrgicos em ambientes onde os recursos são limitados, devido à sua estrutura de ação rápida e sua eficácia anestésica. Sua administração deve ser feita por profissionais treinados que possam monitorar as respostas do paciente e gerenciar possíveis efeitos adversos (Noppers & Mundle, 2022). Nos tratamentos de depressão, a administração de baixas doses de cetamina tem mostrado resultados promissores, especialmente em casos refratários aos antidepressivos convencionais, enfatizando a importância de acompanhamento médico rigoroso (Rozu et al., 2021).
Apesar de seus benefícios terapêuticos potenciais, o uso de cetamina também apresenta desafios relacionados à sua dependência potencial, efeitos colaterais e à necessidade de regulamentação específica. Essas questões levam os órgãos reguladores a restrição severa na sua aquisição, distribuição e uso clínico, o que visa garantir a segurança do paciente e evitar abusos. Ainda assim, há um movimento contínuo na pesquisa médica para explorar suas aplicações terapêuticas e minimizar os riscos associados ao seu uso (Loo et al., 2020).
Conclusão
A cetamina é um medicamento com uma dualidade significativa: enquanto oferece benefícios terapêuticos, especialmente na anestesia e no tratamento de depressão grave, seu potencial de abuso e os riscos de efeitos colaterais requerem cautela e regulamentação rigorosa. O uso clínico deve sempre ser conduzido por profissionais qualificados, em ambientes adequados, com monitoramento contínuo. Os avanços na pesquisa sobre a cetamina podem ampliar suas indicações terapêuticas, sempre balanceando os benefícios e riscos, promovendo assim uma abordagem responsável e segura em sua utilização.
References
- Reynolds, M., et al. (2018). "Risks and adverse effects of recreational use of ketamine." Journal of Substance Abuse Treatment, 85, 35-40.
- Katzung, B. G., & Trevor, A. J. (2012). Basic and Clinical Pharmacology (12th ed.). McGraw-Hill Medical.
- Zarate, C. A., et al. (2006). "A randomized trial of an N-methyl-D-aspartate antagonist in treatment-resistant depression." Archives of General Psychiatry, 63(8), 856-864.
- Noppers, E., & Mundle, G. (2022). "Therapeutic applications of ketamine: an overview." Frontiers in Psychiatry, 13, 823456.
- Rozu, M. et al. (2021). "Ketamine in refractory depression: a review of clinical applications." Clinical Pharmacology & Therapeutics, 109(6), 1494-1502.
- Loo, C., et al. (2020). "Risks and safety of ketamine use: an overview." Journal of Clinical Psychiatry, 81(1), 20m13376.
- United Nations Office on Drugs and Crime. (2020). World Drug Report 2020.
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- Smith, K. L., et al. (2020). "Ketamine’s role in depression treatment: efficacy and safety." Expert Review of Neurotherapeutics, 20(2), 173-182.